O senso comum já prega há muito tempo que grávida não pode tomar remédio. E não pode mesmo. O uso indiscriminado de remédios é totalmente condenado durante a gravidez. Esta proibição também inclui formulações à base de plantas, como os chazinhos curativos.

Tanto cuidado se justifica porque a exposição a certos compostos químicos pode causar danos graves ao feto, como malformações, deficiências funcionais, retardo do crescimento e até mesmo a morte. Nenhum medicamento deve ser tomado sem orientação do obstetra.

Mesmo se for prescrito por outro especialista, o médico que acompanha a gestação deve ser informado. Este cuidado deve ser maior nos três primeiros meses, quando se formam todos os órgãos do bebê. Nessa fase, remédios são desaconselhados sem indicação médica, incluindo fitoterápicos, homeopáticos, vitaminas e florais.

Algumas drogas podem ser muito nocivas durante a gravidez, como, por exemplo, os retinóides (congêneres da vitamina A), em especial a isotretinoína, indicada para quadros graves e persistentes de acne, que provoca anomalias no sistema nervoso como hidrocefalia e retardo mental, defeitos no aparelho cardiovascular e alterações no crânio, especialmente nas orelhas.

A warfarina, utilizada para o controle da pressão arterial e para o tratamento da trombose, pode causar aborto, defeitos no sistema nervoso e hemorragia cerebral. Dois princípios ativos contra convulsões são acusados de alterar a formação da coluna vertebral do nenê: a carbamazepina e o ácido valpróico, esse último também receitado para prevenir crises de enxaqueca.

Também entram na lista dos proibidos os fármacos para tratamento de câncer, que podem prejudicar o desenvolvimento do feto como um todo porque interferem na divisão celular.

Nem os naturais
Os fitoterápicos, medicamentos à base de ervas, também oferecem riscos. A cáscara sagrada, que é um laxante natural, pode causar contrações antes do tempo, com possibilidade de aborto e parto prematuro. O guaco, com o qual se faz xarope contra tosse, oferece risco de hemorragias. A hortelã, consumida na forma de chá contra gripes e resfriados, pode causar malformações, se utilizada em altas doses. Como tempero, ela é liberada. Até uma vitamina pode fazer estragos. O excesso de vitamina A é associado a malformações. Muitas gestantes necessitam de suplementação de ácido fólico, ferro e cálcio, dentre outros nutrientes. Mas nem todos os complexos vitamínicos são adequados nessa fase da vida.

Quando é imprescindível?
Em alguns casos, a medicação se torna imprescindível porque a gestante apresenta algum distúrbio que pode trazer complicações importantes para a gravidez ou mesmo que possa colocar sua vida em perigo. Nestes casos, a falta de tratamento compromete mais a gestação do que o uso do remédio em si. Hipertensão se não for controlada, a elevação da pressão arterial da mãe ocasiona retardo no crescimento intra-uterino, parto prematuro e nascimento de bebês de baixo peso.

Estudos comprovaram a segurança de algumas drogas anti-hipertensivas como certos betabloqueadores; Diabetes taxas altas de açúcar no sangue da gestante podem levar a malformações e à morte fetal. O tratamento é feito com dieta hipocalórica (orientada por uma nutricionista especializada e exercícios físicos orientados por um personal especializado em gestantes) e, muitas vezes, com o emprego da insulina; Epilesia embora as drogas para controle do distúrbio não sejam totalmente isentas de riscos, é preciso avaliar bem a relação custo/benefício.

Crises convulsivas freqüentes podem comprometer a oxigenação do bebê, por isso os remédios são mantidos; Depressão se a gestante tiver depressão leve, uma psicoterapia é suficiente para ajudá-la a recuperar o equilíbrio emocional. Mas em casos moderados e graves, talvez não seja o bastante.

Quando o risco de suicídio é grande, o antidepressivo precisa ser administrado. Mulheres com depressão crônica são mais vulneráveis à depressão pós-parto, por isso, a medicação não é interrompida; Doenças infecciosas a mais comum é a infecção urinária, que se não for bem tratada com antibióticos, pode acarretar em parto prematuro.

Existem antibióticos seguros para uso na gravidez, prescritos quando o distúrbio é diagnosticado por exames; Corrimentos vaginais a queda na imunidade que ocorre nos nove meses torna as gestantes mais predispostas a inflamações genitais.

A falta de tratamento pode levar ao parto prematuro. Alguns cremes são permitidos para uso na gravidez;

Distúrbios da tireóide o hipotireoidismo é um quadro bastante comum e requer tratamento porque a falta do hormônio da tireóide na gestação está relacionada a uma certa diminuição do QI do bebê, trazendo como conseqüências dificuldades de aprendizado na idade escolar. O excesso de hormônio (hipertireoidismo) também traz prejuízos e precisa ser tratado, pois eleva o índice de abortos no primeiro trimestre.

Como lidar com outras situações?
Enjôos fracione as refeições para não ficar muitas horas em jejum. Prefira alimentos gelados e evite comida gordurosa. Se não resolver, os ginecologistas, às vezes, prescrevem dimenidrinato isolado ou associado à vitamina B6 ou metoclopramida. Outra opção é a acupuntura, que dá bons resultados em casos de náuseas e vômitos e é permitida desde o começo da gestação;

Resfriados dores e febres são controladas com paracetamol, mediante prescrição médica. Os descongestionantes nasais estão proibidos, pois podem estreitar os vasos da placenta e comprometer o fluxo de sangue para o bebê. É melhor pingar nas narinas soro fisiológico ou fazer inalação só com o soro. Nada de drogas contra tosse, especialmente as que contêm codeína e formulações à base de guaco. Prefira mel com limão; Inchaço reduza o sal na comida, descanse com as pernas elevadas e faça exercícios físicos para ativar a circulação; Enxaqueca analgésicos mais fortes não são recomendados e os remédios para prevenir as crises também estão fora de questão.

O médico pode recomendar paracetamol e, como segunda opção, dipirona. A acupuntura também traz alívio. É conveniente que se verifique resistência à insulina (causa freqüente de enxaquecas) e se confirmada, poderá ser tratada; Insônia leite quente com mel antes de dormir pode trazer conforto.

Massagens relaxantes e acupuntura também são boas dicas.

Veja a tabela completa de medicamentos que podem ser usados ou são considerados de risco.

Tabela completa de
medicamentos na gravidez

A Federal Drugs and Foods Administration (FDA), organização que regulamenta a classificação de medicamentos nos Estados Unidos, classificou-os em 5 categorias, de acordo com o grau de riscos à gestação:

A Estudos mostraram que não há risco para o feto:

Ácido fólico
Liotironina
Retinol A
Levotiroxin
Piridoxina
Vitamina D3


B – Não há evidências de risco para o feto:

Acebutolol
Cromoglicato Na+
Naloxona
Acetilcisteína
Dietilpropión
Nedocromil
Acido fusídico
Etambutol
Nistatina
Ac. nalidíxico
Famotidina
Nitrofurantoína
Ambroxol
Fenoterol
Ondansetrón
AINE2
Fentanilo4
Oxitropio
ß lactámicos
Flouxetina
Paracetamol
Macrólidos
Glucagón
Piperacilina
Sulfonamidas3
Granisetrón
Piperazina
Anfotericina B
Indometacina
Piridostigmina
Aztreonam
Ipratropio
Praziquantel
Bromexina
Lactulosa
Probenecid
Calcitonina
Levamisol
Quinina
Carbocisteína
Loperamida
Ranitidina
Ciproheptadina
Loratadina
Salbutamol
Cisaprida
Meperidina4
Sucralfato
Clindamicina
Metoclopramida
Terbutalina
Clorfeniramina
Metronidazol5
Terfenadina
Clotrimazol
Morfina4
Vasopresina


C – Os riscos não podem ser excluídos, mas os benefícios em muitos casos superam os riscos potenciais. Exige-se muita cautela:

AAS2
Dantrolene
Midazolam
Acetazolamida
Dextrometorfan4
Milrinona
Aciclovir
Diazóxido
Neomicina
Acido folínico
Difenhidramina
Neostigmina
ACTH
Digoxina
Nifedipino
Adenosina
Droperidol
Nitrofurazona
Albendazol
Edrofonio
Omeprazol
Amantadina
Etosuccimida
PamoatodePirantel
Amikacina
Fenilefrina
PamoatodePirvinio
Aminofilina
Fisostigmina
Paramomicina
Amiodarona
Flumazenil
PeniciloilPolilisina
Anfetamina
Furazolidona
Pentamidina
Imidazólicos,azoles
Furosemida
Pilocarpina
Quinolonas
Gentamicina
Pirazinamida
Astemizol
Griseofulvina
Pirimetamina
Atenolol
Haloperidol
Pralidoxima
Atropina
Heparina
Primaquina
Bacitracina
Hidralazina
Procainamida
Betacaroteno
Hidrato de cloral
Procaína
Betanecol
Hidroxizina
Prometazina
Bromocrptina
Hierro
Propafenona
Captopril
Homatropina
Propranolol
Carbamazepina
Idoxouridina
Protamina
Catecolaminas
Imipenem/Cilastin
Quinidina
Ciclosporina
Insulina
Rifampicina
Clomipramina
Lindano
Teofilina
Clonazepam
Manitol
Tiabendazol
Clonidina
Meclicina
Tolazolina
Cloramfenicol
Metildopa
Vancomicina
Cloroquina
Metilfenidato
Vecuronio
Clorpromazina
Mexiletina
Verapamilo
Codeína4
Isoniazida
Corticoesteroides
Isosorbide
Cotrimoxazol
Kaolín pectina
Crotamitón
Lidocaína


D – Há evidências comprovadas de ação do medicamento no feto. São considerados de alto risco:

Amitriptilina
Espironolactona
Pentobarbital
Azatioprina
Estreptomicina
Primidona
Benzodiazepinas
Fenitoína
Procarbazina
Bleomicina
Fenobarbital
Propiltiouracilo
Ciclofosfamida
5-Fluouracilo
Propiltiouracilo
Cisplatino
Hidroclorotiazida
Tatraciclinas
Citarabina
Imipramina
Tiopental
Clobazam
Kanamicina
Triamterene
Clorambucil
Mebendazol
Valproato
Clorazepato
Meprobamato
Vinblastina
Cortisona
Mercaptopurina
Vincristina
Daunorrubicina
Metadona
Zidovudina
Doxorrubicina
Metotrexato
Enalapril
Penicilamina


Categoria X – Alterações fetais documentadas, os riscos superam os possíveis benefícios. Proibidos durante a gravidez.

Acenocumarol
Gonadotrofina coriónica
Warfarina
Ganciclovir
Podofilina
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