Liberação sexual
As primeiras pílulas foram introduzidas na vida diária há cerca de quarenta anos e tiveram um importante papel na emancipação sexual feminina. Fazer sexo exclusivamente pelo prazer, sem medo de gravidez, passou a ser uma realidade na vida da mulher. Inicialmente continham uma combinação de estrogênio e progestagênio em doses elevadas, que foram sendo gradualmente reduzidas, com a mesma eficácia contraceptiva.

Quantidade de hormônio
Hoje existem as pílulas de baixa dosagem e as mini-pílulas (ou de ultrabaixa dose, com redução de 25% na quantidade de estrogênio e de 20% na de progestagênio).
Em geral as cartelas contêm 21 comprimidos, para serem tomados diariamente, fazendo-se intervalo de sete dias entre as cartelas. Alguns fabricantes colocam 7 comprimidos sem medicação no que seria esse intervalo, para a paciente manter o hábito de tomar o comprimido diariamente, sem interrupção, o que talvez evite o esquecimento da tomada. As mini-pílulas têm 24 comprimidos e o intervalo entre as cartelas deve ser de apenas 4 dias. Também na mini-pílula existe aquela com 28 comprimidos na cartela, em que 4 deles não contém hormônio em sua composição.

Como tomar
Deve-se manter um horário regular de tomada, para preservar a eficácia contraceptiva e evitar as perdas irregulares de sangue.

A verdade é que as pílulas iniciais continham tanto hormônio que se a paciente tomasse em dias alternados, ainda assim quase não corria risco de engravidar. Entretanto, com a redução das doses de hormônios, nas pílulas atuais, esquecer de tomar por mais de 12 horas pode significar falha do método, que bem utilizado tem risco mínimo de gravidez.

As pílulas foram diminuindo a quantidade hormonal para o mínimo possível ainda com ação contraceptiva, para tentar minimizar os seus efeitos colaterais ou indesejáveis.

Existem ainda as pílulas que contém exclusivamente progestagênios em sua composição, de uso contínuo, sem interrupção, especialmente indicadas no aleitamento, por não reduzir a produção de leite. Sua eficácia não é tão boa, mas à sua ação contraceptiva associa-se o próprio aleitamento, que quando regular reduz a possibilidade de ocorrer ovulação.

Sangramento fora de hora
Algumas mulheres, no decorrer do uso de pílula, podem apresentar spotting ou metrorragia, perda se sangue fora do período esperado e outras têm suspensão da menstruação. Nessas circunstâncias, deve-se proceder investigação clínica adequada para excluir a possibilidade de ocorrência de distúrbios da coagulação, alterações hormonais e doenças clínicas outras. Diante de situação normal de saúde, pode-se optar pela mudança de método anticoncepcional ou então por outro tipo de pílula. Entretanto, o mais freqüente é que o spotting ocorra nos três primeiros ciclos da pílula e ceda espontaneamente.

Mecanismo de ação da pílula
O corpo humano tem inúmeras glândulas produtoras de hormônios, que regulam o seu funcionamento. Dentro do cérebro existe uma glândula chamada hipófise que, entre outros hormônios, secreta o LH (hormônio luteinizante) e o FSH (hormônio folículo estimulante), que são as siglas em inglês para luteinizing hormone e follicle-stimulating hormone, respectivamente.

Como diz o próprio nome, o FSH estimula a produção e o amadurecimento de um único folículo no ovário, mensalmente, que precisará da ação do LH para amadurecer e ficar pronto para a fecundação. O óvulo liberado é captado pelas fimbrías (extremidade externa da trompa) e vai ser fecundado no interior da trompa (tuba) uterina.
Simplificando, a ovulação é decorrente do pico de produção de LH e FSH que ocorre no meio do ciclo menstrual.

Um dos principais mecanismos de ação como anticoncepcional da pílula combinada (estrogênio + progestagênio) é atuar inibindo justamente esse pico de secreção hormonal, impedindo portanto a ovulação. Esse mecanismo não é tão eficiente nas pílulas que só contêm progestágenos em sua composição.

Paralelamente, os hormônios da pílula têm uma segunda atividade anticoncepcional: atua sobre o muco endocervical, por onde os espermatozóides ascendem à cavidade uterina, tornando-o mais espesso e dificultando ou impedindo esse fluxo dos espermatozóides à trompa uterina.

Um terceiro mecanismo de ação da pílula é interferir no endométrio, aquela camada que reveste a cavidade uterina por dentro, dificultando que o ovo (óvulo fecundado) ali vá se nidar (fazer o ninho) ou implantar, quando por algum motivo tenha escapado uma ovulação e o óvulo tenha sido fecundado. Portanto, a pílula teria três mecanismos de ação para atuar como anticoncepcional. (ver desenho ilustrativo de útero e trompa, com as fímbrias abraçando o ovário, retirado do livro “Sexualidade na maturidade”, ed.Brasiliense)


Vantagens da pílula

– Altamente eficaz como método contraceptivo – dá tranqüilidade para a prática sexual, sem ter o fantasma da gravidez quando indesejada. Nesse sentido, é favorável à libido. O risco de gravidez, quando adequadamente utilizada, é de cerca de 0,1%.

– Reduz a cólica menstrual – esse efeito começa a ser sentido já na menstruação após a primeira cartela de pílula, mas vai sendo mais eficiente com o passar do tempo. É possível que melhore mesmo as cólicas produzidas pela endometriose (doença ginecológica que será tema de outro boletim).

– Reduz o fluxo menstrual – com isso, diminui a prevalência de anemias ferroprivas, ou seja, por carência de ferro, em geral provocadas por menstruações muito exuberantes.

– Regulariza ciclos menstruais atrapalhados, curtos, longos ou irregulares, desde que tenham sido adequadamente analisados. Os dois últimos itens são aspectos favoráveis ao exercício da sexualidade.

– Controle e tratamento da síndrome dos ovários policísticos.

– Reduz a prevalência de cistos ovarianos “funcionais”, benignos, mas que podem torcer ou romper, precipitando indicações de cirurgia.

– Reduz o número de gestações ectópicas/tubárias.

– Reduz a incidência de câncer de útero, ovário e, talvez, de intestino.

– Melhora a pele, reduzindo a quantidade de pêlos, a oleosidade e a acne, popularmente conhecida como espinhas. As pílulas com acetato de ciproterona têm ação anti-androgênica própria, agindo mais rápido contra a acne. Porém, todas as pílulas, depois de pouco tempo de uso, bloqueiam a produção de hormônios androgênicos/masculinos (virilizantes) dos ovários, tendo portanto ação semelhante.

Infelizmente, “nem só de vantagens vive a pílula”. Ela pode exibir também efeitos indesejáveis ou de risco para a saúde da mulher.

Desvantagens, riscos e contra-indicações da pílula

– Sangramento genital irregular, que não tenha sido analisado. Quando houver atraso menstrual deve-se ter certeza de que não exista gravidez, tópica (dentro do útero) ou ectópica (tubária).

– Doenças tromboembólicas, como trombose ou flebite nas pernas, infarto do miocárdio, derrame e/ou isquemia cerebral e embolia pulmonar – mulheres que já tenham tido essas doenças ou que sejam consideradas de risco para elas, NÃO devem tomar pílula. São de risco, por exemplo, as mulheres com mais de 35 anos que fumam, as com hipertensão arterial, obesidade, alterações importantes do colesterol ou com diabete.

– Doenças hepáticas, insuficiência hepática: contra-indicação absoluta para o uso de pílula, pois os hormônios são metabolizados (“digeridos”) no fígado.

– Câncer atual ou prévio que possa estar relacionado com os hormônios: de mama e do endométrio – contra-indicação absoluta ao uso da pílula.

– Aumenta o risco de colelitíase (cálculos na vesícula biliar).

– Algumas mulheres podem ter hipertensão arterial durante o uso da pílula, o que indica a sua suspensão, quando então a pressão em geral volta ao normal. Parece que essas pacientes também tendem à hipertensão durante a gravidez.

– Deve-se suspender também a pílula quando do aparecimento e/ou piora de enxaqueca.

– Alguns antibióticos podem reduzir a eficácia da pílula: associar outro método quando fizer uso de ampicilina, vibramicina ou rifampicina.

– Medicamentos usados no tratamento da epilepsia (anticonvulsivantes) interferem com o uso da pílula e, por outro lado, têm a sua ação prejudicada pela pílula.

– Num percentual menor que 3%, as pílulas podem provocar sintomas de gastrite, aumento de varizes, alteração do peso, interferência na libido, inchaço, manchas faciais, etc. Nessas circunstâncias é conveniente considerar a possibilidade do uso de uma composição hormonal diferente ou outra modalidade de contracepção.

– A pílula não faz prevenção de DST (doenças sexualmente transmissíveis). Portanto, não dispensa o uso do preservativo, masculino ou feminino, em TODAS as relações sexuais.

– Tem sido relacionado um aumento da incidência de infecções por HPV: estariam as mulheres negligenciando o preservativo ou por alteração direta na imunidade local?

– Não se sabe sobre a ação da pílula sobre o aumento da incidência do câncer de mama.

– Conforme vimos em “vantagens”, a pílula reduz a secreção ovariana de hormônios androgênicos/masculinos e isso talvez interfira negativamente com a libido de algumas mulheres.

  1. 15 de fevereiro de 2012

    Gente eu queria saber quais as vantagens e desvantagens da pilula anticoncepcionl porque eu procurei aqui e nao achei…=s

  2. 16 de março de 2012

    Gostei das informações,pois eu tinha muitas dúvidas sobre pílula anticoncepcional,mas agora está tudo esclarecido.
    È um assunto muito interessante.

    • 12 de abril de 2012

      Obrigado, é um prazer poder ajudar.

  3. 9 de maio de 2012

    me ajudou muito no trabalho de ciências

    • 19 de junho de 2012

      🙂

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