Esta imagem termográfica fornecida pelo Greenpeace mostra um contêiner emitindo calor durante transporte de material nuclear na estação ferroviária de Valognes, França. Os resíduos, muito quentes – cerca 400º C – são fundidos em blocos de vidro sólido para que não possam vazar. Cada contêiner possui 28 desses blocos de vidro, com camadas de proteção para impedir o escape de radiação gama e de nêutrons.

A exposição acidental a radiação ionizante é um risco nos dias atuais. São bem conhecidos os eventos ocorridos durante a catástrofe de Chernobyl (1986), Goiânia (1987) e agora mais recentemente em Fukushima, Japão, devido ao terremoto seguido de tsunami.

A termografia é um método não-invasivo utilizado para revelar a extensão do envolvimento cutâneo à exposição à radiação na fase subaguda. Utilizada com sucesso em vários acidentes desta natureza.

Um estudo descreveu o uso da termografia para avaliar lesões cutâneas em soldados expostos acidentalmente a radiação por Césio137 durante treinamento militar em um campo em Lilo (Geórgia) em 1997.

As manifestações cutâneas em conseqüência da radiação, diferente das causadas por agentes químicos tóxicos, não desenvolvem imediatamente. Podem levar de alguns dias a semanas dependendo da dose de radiação a que foi exposto, sensibilidade cutânea individual, absorção, extensão de derme acometida. O processo inflamatório na fase mais inicial não é perceptível a olho nu, porém pode ser documentado precocemente pela termografia.

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Do ponto de vista anatomopatológico e médico-legal, estas queimaduras são impossíveis de serem discriminadas entre uma queimadura térmica, química ou por radiação na fase aguda. É a seqüência de eventos ao longo do tempo que as diferenciam nesta fase, de eritema até chegar à fase de fibrose cutânea. A termografia auxilia a desvendar a causa da lesão, o planejamento terapêutico e a monitorização destas lesões em pessoas expostas a altas doses de radiação. O tratamento altera de acordo com o estágio da lesão, que varia devida complexidade das manifestações clínicas, e inclui desde a aplicação de corticóides sistêmicos, inferferon gama, pentoxifilina, vitamina E e dismutase superóxido.

Na termografia as áreas acometidas ficam mais hiper-radiantes que a pele normal, correspondentes a zonas inflamatórias, que geralmente evoluem depois para manchas brancas, sem pêlos, e finalmente ulcerações, que mantém um padrão hiper-radiante ao redor da ferida.

Manifestação da síndrome cutânea de radiação. Termografia do dorso (D) de uma vítima exposta a radiação delimitando processo inflamatório local (Cortesia do Prof JM Cosset, Instituto Curie, Paris)(Acidente da Geórgia, 1997).

Referências

Cutaneous radiation syndrome in multi-organ failure.
The radiation accident in Georgia: Clinical appearance and diagnosis of cutaneous radiation syndrome.
· Use of thermography in diagnosis of local radiation injuries.
· Thermographic assessment of patch-test responses.
· A clinical evaluation of the use of thermography in determining degree of burn injury
Management of cutaneous radiation injuries: Diagnostic and therapeutic principles of the cutaneous radiation syndrome.
The cutaneous radiation syndrome: diagnosis and treatment.
Medical management of radiation injuries: current approaches.

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